sexta-feira, 6 de agosto de 2010

HD Virtual - resenhe!



Com base na sugestão do gremista Paulo Olmedo (http://arazaodoabsurdo.blogspot.com/), gostaria de propôr algo aos leitores do blog: resenhe o trabalho de alguma banda/artista que esteja a disposição no HD Virtual. Qualquer um pode resenhar qualquer trabalho, é só escrever o texto (não vou impor limite de palavras, usem o bom senso) e enviá-lo via e-mail para felipe@tramasoli.com. O resto do trabalho, no que concerne à postagem (como imagens, links), deixem comigo. Só peço para que especifiquem bem a quem estão se referindo.

ps: não se preocupem, serão dados os devidos créditos!

edit:::::::::
caso alguém resenhe a mesma coisa, as duas (ou três, ou quatro,..) serão dispostas na mesma postagem, mesmo que alguma resenha já tenha sido postada, ou seja, qualquer um pode resenhar o trabalho da Hillmansion e o projeto Adam Feather Solo Flight, que já foram postados aqui no blog!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Adam Feather Solo Flight - À venda [2009]



01 Amnésia
02 À Venda

Adam Feather Solo Flight é o projeto solo do músico rio-grandino Adão Pena, que, atualmente, reside no estado de São Paulo. O single À Venda (2009), também encontra-se no myspace do projeto.


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contato: musicabigriver@gmail.com
no orkut: imprensa musical em rg

domingo, 18 de julho de 2010

Hillmansion - Live in Radar - TVE



Aqui vai a primeira postagem da mais nova seção deste blog! Este espaço será reservado para divulgar o material que é disponibilizado pelos artistas e gerido pelo Rk no HD Virtual, um grande acervo - que só cresce - contendo o registro de diversos artistas da cidade do Rio Grande e - também - de São José do Norte.

Antes de mais nada, gostaria de ressaltar uma coisa: este espaço - de maneira alguma - visa substituir o serviço que o HD Virtual propicia, o objetivo é estimular o público (me incluo aqui) a conhecer um pouco mais do que é produzido na região.

Então, eventualmente, disponibilizaremos aqui um pouco do que se pode encontrar pelo HD Virtual, só pra termos uma palhinha. Caso apareça o interesse em obter mais material do artista, procure o acervo, que pode ser acessado pelo endereço http://musicabigriver.4shared.com (senha: musicabigriver).

Antes de partir pra primeira banda, gostaria de agradecer ao Rk (pelo trabalho muito legal), aos artistas em geral (que disponibilizaram o material) e ao Régis (que cedeu este espaço).

'Bora!



01 The Good Samaritan
02 What I Need
03 Sea of Nightmares
04 I Don't Remeber

À época, a Hillmansion era composta por Rk (vocais/violão), Titi (baixo), Luiz Young (guitarra 1), Gury (guitarra 2) e Franco Magroski (bateria). Este material é resultado de uma aparição da banda no programa Radar, da TVE, na cidade de Porto Alegre. Particularmente, a Hillmansion é uma das melhores coisas que já ouvi ao vivo, talvez eu a tenha escolhido como a primeira banda a postar por isso, vai saber! Façam bom proveito, eu faço. Menção honrosa para a faixa The Good Samaritan, foda demais.


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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Batalha do Rock 05/06

Neste sábado, dia 05 de junho, aconteceu um dos eventos mais esperados dos últimos tempos na cidade do Rio Grande. Junto com os Funeral Voix, o Batalha do Rock sempre foi um evento de grande público e grande prestígio na cidade. Essa última edição começa boa bem antes das portas dos evento (um bocado atrasadas) serem abertas. Bastante gente ficou sabendo lá pela frente mesmo que a Nitrovoid, uma das bandas participantes do evento, tinha sido classificada para a final de evento/festival promovido pela produtora Beco de Porto Alegre, em parceria com a cervaja Polar. O concurso de bandas chamado "A Melhor é Daqui" agregou um grande contigente de excelentes bandas do RS, entre estas algumas outras bandas de Rio Grande como Outdate e tangerines e ainda outros nomes de peso da região, como a pelotense Canastra Suja. Contudo, entre as seis escolhidas pelo público para participar da final, a nossa representante ficou sendo a Nitrovoid, banda de São José do Norte com membros também de Rio Grande. Logo no primeiro show o clima do festival já ficou altamente animado. A primeira banda a apresentar seu show foi a Pano de Fundo. Seguindo o mesmo vigor e excelência em execução e arranjos apresentados no Maio Cultural, alguns dias antes, a Pano de Fundo conseguiu agradar gregos e troianos, todas as tribos e tipos de público presentes no festival organizado por Piter.



A segunda banda da noite foi a Drift Five. Seguindo uma linha de bandas que se auto-definem como hardcore melódico, a Drift Five aparentemente apresentaria um show estigmatizado por fazer parte de um momento de tendências nem sempre bem aceitas no rock. Surpreendentemente, o público aplaudiu, acompanhou e respeitou demais o trabalho da banda. Evidentemente isso é completamente justificado por conta do trabalho sério e competente da banda. O ponto alto do show da Drift Five é a enregia que é emanada durante a execução de cada música, com destaque especial para o estilo agressivo e técnico do baterista Paulo Gabriel, vulgo Batatinha. Infelizmente, devido a alguns problemas técnicos, a Drift Five não acabou sua apresentação, mas pode deixar uma boa impressão no palco do Batalha do Rock.



Com tempo extra para a sua apresentação, a terceira banda da noite foi a aclamadíssima Nitrovoid. Quem sabe por conta do êxtase da boa notícia da classificação para a final do concurso na capital gaúcha, ou quem sabe apenas pelo brilhantismo que acompanha cada indivíduo da Nitrovoid nos últimos tempos, o show foi de uma magnitude atípica aos palcos da cidade. Era um conjunto monstruoso, uma conspiração favorável em todos os aspectos para que aquele momento ficasse eternizado nos anais do rock de Rio Grande. E todos contemplaram, acompanharam, aprovaram e pediram por mais. É bastante difícil descrever algo que beira o ideal num palco de shows, mas foi isso que foi e é o que se pode dizer. Não é a toa que a Nitrovoid está alcançando os picos mais altos, que, é bom que não se esqueça, são os mais difíceis de serem escalados e mais propícios a grandes problemáticas, todas superadas, sem dúvida, até esse momento. Fica, além dos parabéns pelo grande show, o parabéns pelas conquistas até agora, Nitrovoid.



Além disso, é claro, ficam também os parabéns para o Piter e toda equipe competentíssima do Batalha do Rock por proporcionar um espetáculo digno do público sedento da cidade do Rio Grande. Não fiquei para ver a banda Al-Kaeda, mas espero que o evento tenha sido bom do início ao fim. Parabéns, Batalha do Rock.

Maio Cultural no Petruzzi

Quem sabe um pouco tarde, mas aproveitando o tempo livre pra dar uma atualizada aqui. Bom, o Maio Cultural já terminou suas atividades, mas fica aqui um breve registro sobre um dos últimos shows do evento. No dia 28 de maio, apresentavam-se três grandes bandas da cidade. Lá por volta de 9 da noite, a RadioWave, banda focada em covers de bandas dos anos 80, 90 e anos 2000 com vocais femininos (ou nem sempre), subia ao palco improvisada e simpático do restaurante, que já estava completamente lotado no espaço reservado ao público. No repertório músicas de artistas cmo Seal, Joss Stone e outros grandes nomes do R&B, pop, funk e rock mundial. Um show repleto de carisma e arranjos impecáveis e muito bem executados.



Em seguida, e não deixando o clima ficar mais amêno, a veterana Vander Vogel (devo se é com W ou com V) executa suas músicas próprias, já bastante conhecidas pelos fãs e amigos da banda. O show da banda torna-se bastante interessante por tratar-se de uma banda necessariamente de músicas autorais, mas que faz com tudo soe extremamente familiar e agradável ao ouvido mais exigente. Uma banda com qualidade indiscutível e de arranjos muito interessantes.



A Pano de Fundo, quem sabe a banda mais esperada da noite, foi a última a tocar no evento. Contando com a animação ímpar da platéia que almejava ávida pelas covers "lado B", marca registrada da banda, a Pano de Fundo, evidentemente, não decepcionou. Na minha opinião, o ponto forte da banda continua sendo o trabalho de vocais impecável e assustadoramente de bom gosto. Músicas como "Carry on my Wayward Son", do Kansas, fazem com que o público mais fiel fique com os olhos cheios de lágrimas, tal a excelência na execução do cover. Além disso, é claro, sempre um feeling extraordinário durante toda apresentação e, para coroar a noite, homenagens aos grandes Dio e Bebeco Garcia.



Definitivamente uma noite de sucesso para o Maio Cultural em um ambiente excelente, de público participante e de apresentações sem comparação. Brilhante.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

FEARG 2010

Quase fim do prazo pra quem quiser fazer a inscrição. O deadline é amanhã, então, corram pra deixar material.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Maio Cultural - Cordas & Vozes - 3ª edição

Aconteceu ontem, dia 19 de maio, no Centro Municipal de Cultura, a terceira edição do projeto Cordas & Vozes. O projeto, como o nome já aponta, visa a presentação acústica de vários artistas e bandas com trabalhos de autoria própria. Um pouco desse formato proposto pelo evento é para ilustrar uma parte bastante importante dos processos de composição da maior parte das bandas, onde normalmente temos o violão como elemento primordial e base do que virá a ser o arranjo final da música. Outra parte, como afirmado por um dos próprios organizadores do evento e idealizador do projeto, Carioca Feitosa, visa a facilidade e a dinâmica que uma apresentação com violão e voz (e eventualmente outros elementos) pode oferecer. O público, que acomodava-se timidamente pelas cadeiras do salão do local era, como de praxe, basicamente composto por músicos e demais artistas locais, fato que não faz do evento um fracasso, mas sim um grande sucesso. Apesar de haver sempre uma urgência por participação de público interessado e não apenas envolvido com arte, é sempre excelente saber que o há apoio e, no mínimo, interesse do artista no trabalho de outros artistas. Além disso, o ambiente sempre repleto de amigos, conhecidos e simpatizantes faz com que o clima fique agradável e com que todo esforço de quem participa valha a pena. A primeira apresentação da noite, quando o relógio marcava aproximadamente 20:30, ficou por conta de um juntamento composto por este que aqui escreve, Régis Garcia (Stay, LOUD!, tangerines), tocando seu violão, um dos organizadores do evento, Rafael Nasic (Stay, Pesadelo 136), no vocal, Felipe Amaral (Chihuahuas), no cajon e, em uma das músicas, J.F. Costa (Nitrovoid). A apresentação foi basicamente um tributo em voz, percussão e violão ao Queda Livre, E.T.H.E.R e Película Suburbana, banda fundamental no cenário musical em São José do Norte. A apresentação começou com o clássico "Vomitei na tua boca", da Película Suburbana, onde J.F. Costa, como representante da cidade vizinha São José do Norte aqui em Rio Grande, participou engrossando o caldo sonoro com um violão.






Logo em seguida, Will Farias (violão), Deividi Souza (voz) e Wagner Almeida (violão) foram ao palco para representar a banda Drowsiness. O pessoal optou por apresentar tanto composições mais antigas quanto mais recentes, finalizando com "Coma". A apresentação da Drowsiness foi marcada por problemas técnicos e, com certeza, em virtude disso, um pouco de nervosismo. Dou destaque ao vocal de Deividi Souza, que de maneira acústica fica bastante claro e suave.



Seguindo no mesmo clima bastante alternativo, uma parte da banda Trend apresentou suas composições com uma proposta bastante orgânica e, ao mesmo tempo, diferenciada. Rafael Rechia (violão e voz) e Thiago Iankoski (violão) tocaram composições próprias em língua inglesa acompanhados da sonoridade de um violão de 12 cordas e um violão com slide, microfonados, procurando manter um padrão blueseiro e bastante natural. Aliado ao clima blues tradicional dos violões, a inovação ficou por conta, em determinados momentos, da aplicação de um pouco de distorção na voz de Rafael. Destaque para a excelente Jesus of Mercedes.



Com o público mais presente e definitivamente entrando no clima do evento, a banda The Frowzys - os Carpenters de Rio Grande, apresenta uma proposta acústica que, de certa maneira, remete ao som plugado da banda. Além do vocal tímido e meigo da vocalista Suellen (que por sinal contrasta com a acidez de alguns trechos das letras da banda, oferecendo ao público um clima de deboche), Luiz Young foi ao palco munido de seu ukulele enquando Eduardo Custódio sustentava a base com o violão, para, logo em seguida, alternar com Young e encarar o pequeno instrumento de quatro cordas. Uma apresentação bastante agradável aos ouvidos de todos presentes no local do evento.



Com muito humor, como sempre, os próximos convidados do evento foram os sanguessugas retirantes. Novamente com a participação de Felipe Amaral no cajon, a Vampiros Nordestinos, representada por Carioca Feitosa no violão e voz e André Ravara na no violão, apresentou, entre outras, a já clássica "Clóvis" e a quase psicodélica "Máquinas". O mais bacana durante o show da Vampiros Nordestinos, além do humor, é claro, foi o entrosamento dos músicos, mesmo sendo tudo, aparentemente, no improviso. Sem sombra de dúvidas uma das melhores apresentações da noite.



Em seguida, já com o tempo estourando, a Nitrovoid, aparentemente banda mais esperada da noite, sobe ao palco e oferece ao público músicas do novo EP e do registro sonoro posterior - Morphocoda. J.F. Costa (voz e violão) e Erlon M. (violão e vocais) apresentaram ao público ainda presente em grande quantidade as músicas "Juiz Celestial", "Bota Velha Preta" e "Calvário", canção ainda não apresentada em registros oficiais da banda. A riqueza dos detalhes e arranjos nas composições da Nitrovoid é definitivamente o fator que faz com que a sonoridade da banda não seja apenas visceral, mas também madura e fácil de digerir.



Finalmente, encerrando a noite, Rafael Nasic (voz e violão), Enio Estima (vocais e violão) e, em uma das canções, Luiz Young (violão e ha-ha-ha) mostraram que não há necessidade de distorção para fazer punk rock divertido e, ao mesmo tempo, responsável. Uma apresentação bastante rápida e rasteira, fechada com chave de ouro por um dos maiores clássicos da música da cidade: "Fogo no Relógio".





De maneira geral, considerando a normal pouca participação do público da cidade e o fator data no meio da semana, o evento foi mais que um sucesso. Como sempre, toda movimentação artistica e cultural é essencial para fomentar o crescimento do cenário, bastante precário até o momento, mas não em termos de artista, mas sim de apoio de todas as outras camadas e nichos da sociedade.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Coletânea Rio Grande é Rock Vol. I

Não, pessoal. Infelizmente não estou escrevendo para comentar o lançamento da Coletânea Rio Grande é Rock. Estou escrevendo quase em tom de reclamação, com um sentimento bem ruim de falta de finalização, para protestar sobre o andamento de tal iniciativa. O projeto, idealizado e iniciado no segundo semestre de 2008, ainda não foi concluído devido aos inúmeros atrasos no decorrer das grvações. No plantel do projeto estavam as bandas tangerines, Crossword, Drowsiness, Chernobyl, Lastweek e Nitrovoid. No decorrer do projeto algumas das bandas já lançaram material paralelo, o que faz com que a lentidão da coletânea seja pouco justificada. Alguns problemas pessoais de ordem maior também ofereceram impediemntos ao andamento do, problemas inevitáveis e normais em uma gravação, principalmente quando tratamos de vários envolvidos. Todas as bandas presentes no projeto são boas bandas dentro do proposto por seu foco e definitivamente - assim como a maior parte das bandas de Rio Grande - se fazem carentes por material de qualidade. Este quadro está aparentemente mudando e, cada vez mais, bandas estão investindo em boas gravações e em material de divulgação digno de qualquer selo por aí. Nesse sentido, tanto essa coletânea em si quanto a proposta de trazer ao público coletâneas similares é bastante promissora, só que há necessidade de que o andamento seja seguido após o início dos trabalhos. Fica a quase que recalmação em relação ao bom trabalho que pode vir por aí. Estamos todos ansiosos e na espera de resultados o mais breve possível. Era isso.

Inscrições FEARG 2010 - Identidade Urbana

De acordo com Law Tissot, um dos responsáveis pelo palco Identidade Urbana da FEARG, as inscrições já estão abertas para os músicos e bandas interessadas em participar do evento. As inscrições para bandas de rock e rap ocorrem do dia 3 ao dia 28 de maio na Amperg, nos turnos da manhã e tarde. Sobre os requisitos básicos para a inscrição, Law ressalta que "as bandas/grupos que desejarem participar da seleção DEVEM apresentar um material gravado em CD ou DVD, além disso a apresentação deve ser legal mesmo, né? Capa, release, enfim, tudo aquilo que se espera de um trabalho de arte decente, como é o caso do rock ou do rap". Para as bandas que já participaram do evento é necessário o envio de novo material, pois "a AMPERG é uma empresa organizada, todo o material de 2009 está arquivado. Então, em 2010, outro projeto..."

Para obter mais informações acesse: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=128638&tid=5459621990349954784&kw=fearg+2010&na=4&nst=1&nid=128638-5459621990349954784-5460283453463196775

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Musique – Soundtracks for Pedestrians (2010)

Quem nunca pegou a si mesmo caminhando ao som de uma batida peculiar enquanto fazia um trajeto sem nem ao menos perceber que o estava fazendo? O “Soundtrack for Pedestrians”, novo álbum do Musique, definitivamente possui essa característica mágica de agir como um guia urbano físico e espiritual aos ouvintes e fãs do trabalho. O novo disco do Musique conta com seis belas faixas completamente inéditas e concebidas, produzidas e finalizadas pelo idealizador do projeto - o produtor Musique. Entre outros detalhes, a parafernália digital usada por ele é composta por softwares como, por exemplo, Sonic Foundry Vegas, Cubase, Fruity Loops e muitos plugins, alguns novos e outros que já haviam sido trabalhados durante o processo de confecção do álbum “Sectors” (2008). Além de todo aparato digital, dessa vez Musique investiu muito mais na utilização de elementos humanos como vocais. A ausência de voz percebida até “Sectors” é brilhantemente compensada no novo trabalho com participações de extremo bom gosto e, é claro, com os vocais do próprio Musique. Além disso, tecnicamente falando, a masterização do álbum, que em trabalhos anteriores seguia os padrões de Emílio GoldMic ficaram basicamente a cargo do idealizador e condutor da trama toda. De acordo com o próprio Musique: “o padrão de masterização seguido em processos anteriores visava à utilização das músicas em ambientes onde havia mais necessidade de pressão sonora. Esta é a marca do GoldMic ao fazer masterização. Já para este novo disco procurei um master final mais ‘muscular’ e direcionado ao tema e foco do projeto”, ou seja, músicas em que o transeunte pode apreciar usando seus fones de ouvido. É claro que, mesmo com a proposta diferente, a masterização não deixou a desejar nem alterou a essência musical do projeto como uma seqüência. Um dos detalhes que chama muito a atenção em relação ao processo de criação do “Soundtracks for Pedestrians” é o fato das músicas serem compostas de maneira bastante peculiar: enquanto o responsável pelas idéias anda pela rua. “Eu sempre componho caminhando, a idéia aparece e eu tento traduzir mais tarde”, afirma Musique. As idéias iniciais para este projeto começaram a ser exploradas logo ao final dos trabalhos de finalização do “Sectors”.

Um excelente exemplo para ilustrar a aura do novo trabalho do Musique é a primeira faixa que compõe o álbum, “Helicopters”. A faixa é um relato quase neurótico sobre um indivíduo que vê helicópteros enquanto anda pela rua. O desespero e o estado mental delicado ficam evidentes no refrão “Helicopters/Flying over you/Bringing all the desperation/That you can’t ever go through” repetido timidamente como se fosse uma súplica por uma solução enquanto o assustado e perturbado ser vaga tentando livrar-se das aeronaves. “Eu queria escrever uma letra diferente, algo mais elaborado e sci-fi”, reforça Musique - que experimentou sutilmente com o uso de uma linguagem mais informal assumidamente influenciada por artistas de Rap e Hip-Hop da velha escola. “Helicopters” será a música de trabalho do “Soundtracks for Pedestrians” e pode inclusive dar origem a um videoclipe produzido por Sandro Mendes.

A segunda faixa, “Faithful” (cujo título de trabalho era “Heart”) possui uma transição (involuntária, segundo Musique) brilhante e conta com os singelos vocais de Marina Reguffe. A faixa possui uma bela mensagem sobre fidelidade a si mesmo, aos próprios princípios e sobre auto-evolução. Para Musique, “Faithful é sobre ser você mesmo e não ceder”, assumir as conseqüências e liberar o potencial enrustido dentro de cada um. Ainda de acordo com o letrista, aparar as arestas (“cutting the rough”) e admitir a necessidade de ajuda não são sinais de fraqueza nem de humilhação, mas sim de manter-se aberto aos elementos da oportunidade como é possível verificar em “Liberate the growth/Open door for growth, ‘cause you’ve got one chance...”. Chama a atenção o uso de uma melodia latina, quase flamenca de violão por sobre a massa de elementos climáticos e cósmicos.

Seguindo a linha das participações, a terceira faixa, “Burden” (título de trabalho: ‘Fournotes’), conta com a ótima participação da vocalista da banda Outdate, Karol S. De todas as letras, “Burden” é, quem sabe, minha favorita. Além da complexidade lírica, a qualidade reflexiva da letra é assustadora. A letra inspirada no filme de 2007, “Into the Wild”, dirigido por Sean Penn, narra uma situação semelhante àquela vivenciada pelo jovem Chris McCandless, um norte-americano de classe média que resolve deixar todo frenesi da civilização para trás e encontra refúgio na natureza selvagem. A trama calcada no livro escrito por Jon Krakauer retoma noções de escapismo e inocência muito bem dispostas na letra da faixa “Burden”. Para Musique, o fardo em “Burden” é o de seguir aceitando todos os preceitos oferecidos pela sociedade e pela dita civilização, “é a utilidade posta à prova, sentir-se útil”. Uma das surpresas na produção desta faixa é a utilização de um sample da banda norte-americana 10 Years em uma das camadas ao fundo da pista. O arranjo original foi trabalhado para que os tons se adaptassem ao arranjo da faixa da Musique, dando um ar de naturalidade completa no contexto.

Ao passo em que falo sobre naturalidade, lembro da citação de Musique em relação ao arranjo de “From the Heart”, quarta faixa do álbum: “A From the Heart reitera que a música é eletrônica, mas feita com muito amor”, com o coração pulsante, elemento constante no trabalho completo. Esta foi uma das letras que Musique diz ter feito em um quarto de hotel em São Paulo, sem ouvir a música, encaixando os fraseados de cabeça. A faixa, de linda melodia e ótimos arranjos, liricamente insiste na idéia de não deixar dúvida quanto ao método artesanal de composição mesmo em meio aos elementos menos orgânicos. Mais uma vez temos os belos vocais de Marina Reguffe em uníssono aos vocais de Musique. “Essa faixa tem algumas coisas interessantes”, conta o produtor. “Ela nasceu enquanto eu mostrava para meu sobrinho como usar o Fruity Loops...” Além disso, uma das camadas foi concebida por conta de uma buzina de caminhão, que soou enquanto ele ouvia a música nos headphones: “O caminhão buzinou na hora e ficou perfeito. Depois foi só tentar compor aquele barulho”, completa.

A penúltima faixa do “Soundtracks for Pedestrians”, Urban Pop, “está um passo a frente de tudo que eu já fiz com o Musique”, cita. Todo o orgulho em relação ao trabalho não é infundado. Além de recuperar a temática inicial e a intenção contextual do disco, “Urban Pop” oferece ao ouvinte mais exigente uma gama gigantesca de timbres orgânicos e fluídos que realmente colocam a faixa acima das outras nesse quesito. Mesmo retomando e recuperando elementos da faixa “Morrigan” (o jogo de palavras ‘motion/emotion’), primeira do disco Reverse, de 2005, esse trabalho é visivelmente um dos que mais agrega elementos das novas influências do Musique onde tudo isso faz parte de um “novo capítulo na minha vida... é uma identificação de tudo que o Musique se tornou”, afirma. “Liricamente, ela é a minha ‘What’s My Name’” e prossegue: “É uma coisa interessante trazer uma auto-identificação num quinto álbum”, novamente assumindo beber na fonte Hip-Hop, mas à maneira Musique.

Para finalizar o álbum temos uma faixa que, de certa maneira, recupera um pouco dos trabalhos do “Sectors”, principalmente por não ter uma grande quantidade de linhas de vocal como as faixas anteriores. “Loneliness”, assim como “Burden”, utiliza elementos de outras bandas. A base de teclado e o dedilhado da faixa compõem um sample retirado de arranjos da banda alemã Darkseed, novamente adaptados ao contexto proposto pelo Musique. “Queria fazer uma faixa climática, sem batidas e foi uma boa escolha para ser a outro.”, adiciona. De acordo com ele, “Loneliness” é sobre achar o equilíbrio, sobre encontrar um sonho maior, algo meio utópico e belo como John Lennon haveria de propor que imaginássemos. “Loneliness” é sobre estar longe dos problemas do cotidiano, longe dos problemas que assolam tanto o indivíduo quanto o coletivo no dia-a-dia.

De maneira geral, o álbum nos remete a uma paisagem urbana complexa e antagonicamente serena. Ao mesmo tempo, “Soundtracks for Pedestrians” oferece uma visão introspectiva e reflexiva, mas nunca descartando a possibilidade de mudança para o completo oposto de tudo. A arte da capa e toda concepção artística do projeto ficaram a cargo do talentoso músico e artista J.F. Costa, vocalista e guitarrista da banda Nitrovoid. Mesmo tendo finalizado o disco recentemente, o Musique não parece estar disposto a dar férias aos processos produtivos. De acordo com o produtor, já existe toda uma nova concepção e novas idéias interessantes para a confecção de um novo álbum. O melhor de tudo é que não sabemos se devemos ou podemos esperar uma continuação do trabalho em “Soundtracks for Pedestrians” ou se esperamos por algo completamente inovador. Afinal, como consta na letra de “Loneliness”, “We need to change the route of our lives”.