quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sexismo Musical

O papel da mulher na sociedade vem sendo discutido com bastante fervor no mundo inteiro nas últimas décadas. O feminismo e a revolta constante contra o sexismo são tópicos que ganham força maior a cada dia não só no ocidente, mas também no oriente. Entretanto, mesmo que o assunto parece trivial e também aparente rumar para uma solução que não exclua o indivíduo baseado na questão do gênero, é evidente que ainda há muito a ser discutido. Em Rio Grande o assunto tem sido debatido através de fóruns na internet, dando idéia e argumentos iniciais pra essa proposta de argumantação do assunto por aqui. Por incrível que pareça, ainda há resistência e dúvidas quanto ao espaço da mulher no cenário musical da cidade. Para ajudar a entender um pouco mais o assunto em questão, duas musicistas de Rio Grande foram convidadas para conversar um pouco e expor idéias aqui no blog. Cissa Laval, 26 anos, começou a se envolver com música desde bem jovem. Com 9 anos de idade já participava de festivais infanto-juvenis e com 15 anos já era integrante de algumas bandas de baile. O seu próximo passo foi o ingresso na Universidade Federal de Pelotas para o curso de Música – modalidade Licenciatura. Cissa identifica preconceito não apenas de gênero no cenário nacional e na cidade, mas um preconceito musical. Para Cissa, que atua como educadora musical, a falta de investimento e de profissionalismo na educação musical faz com que muitas pessoas não encarem a música como algo acessível para todos: “Nós temos sim muitas mulheres de sucesso na música, mas infelizmente, de um modo geral, somente as cantoras tem o devido reconhecimento. Além disso, percebo no meio musical certo preconceito com o cantor, como se canto não fosse instrumento e como se cantar não precisasse de estudo continuo. Não culpando somente a mídia ou coisa do tipo, acredito também na falta de coragem de algumas meninas que pensaram um dia em tocar baixo ou guitarra e desistiram por se acharem despreparadas. O reconhecimento não vem de graça, nós devemos lutar por ele.” Fernanda Peres, a Few, 18 anos e tocando faz quase um ano, é um excelente exemplo da batalha por um espaço do sexo feminino no cenário musical de Rio Grande. Ainda sem formação na área, Few estuda contrabaixo elétrico para aprender um pouco mais sobre o instrumento e poder encarar o universo das bandas. Em relação ao espaço da mulher na música, Few discorre sobre a questão do tempo. De acordo com ela, o tempo é inimigo do espaço e do reconhecimento principalmente de instrumentistas tanto no cenário nacional quanto em Rio Grande. Few acredita tem havido uma evolução na aceitação da mulher na música, mas que com o tempo é muito possível que as coisas melhorem.

De Rio Grande em Bandas

Cissa Laval

Tanto Few quanto Cissa têm como grandes influências outras musicistas. Fernanda cita Melissa Auf Der Maur e a Tal Wilkenfeld, as duas baixistas, enquanto Cissa assume que 90% de suas influências são femininas. Cissa demonstra grande entusiasmo quando fala de Ana Carolina e sua aptidão e facilidade não só para voz, mas também para instrumentos de corda e ritmo. Sua outra grande influência é Elis Regina, que por sua capacidade interpretativa, de acordo com a educadora musical de Rio Grande, é uma diva brasileira sem deixar qualquer dúvida. No entanto, nem Few nem Cissa citam qualquer musicista de Rio Grande como influência, o que demonstra claramente que há ainda uma lacuna grande e uma carência de instrumentistas e vocalistas mulheres em qualquer segmento musical em Rio Grande.

De Rio Grande em Bandas

Few

Quando questionadas quanto ao preconceito ou presença de qualquer segmentação sexista no contexto de Rio Grande, tanto Cissa quanto Few assumem que nunca sofreram preconceito direto por serem mulheres. Few explica que normalmente escuta comentários maliciosos por terceiros sobre a posição da mulher no cenário musical. A baixista explica que já escutou algumas vezes que “mulher não combina com instrumento” e que o lugar das mulheres não é em bandas. Confirmando a atitude de certos indivíduos sobre mulheres na música, Cissa comenta já ter ouvido comentários que certamente desmotivam a entrada de instrumentistas no cenário como, por exemplo, “mulher não tem a mesma pegada de guitarra pra tocar rock”. Cissa explica que “o mais importante é que a própria mulher acredite no seu potencial, busque melhorar sempre [...] a música é uma fonte infinita, nunca se sabe tudo, não existe aposentadoria e muito menos o melhor músico do mundo. Tudo pode ser superado.” Para ambas musicistas, o preconceito e o sexismo tem que ser superado através da participação mais ativa das aspirantes a musicistas ou as já reconhecidas no cenário musical de Rio Grande. Cissa vai um pouco além. Sua crítica não se limita apenas ao preconceito sofrido pela questão do gênero, mas também pelo determinismo masculino em relação ao que é considerado instrumento ou papel da mulher na música. Concordando com a questão do tempo também citada por Few, Cissa explica que já sofreu preconceito “na verdade não só por ser mulher, mas por ser ‘apenas’ uma cantora. Meu trabalho é todo voltado para o canto, mas sou educadora musical de formação acadêmica e, claro, estudei outras coisas. O fato é que falta ainda respeito pela mulher como profissional da música em coisas simples, ao discutir um arranjo de igual pra igual, por exemplo. A impressão que dá é de que mulher só entende de cantar, cantor só entende de cantar, um erro já que existem produtoras do sexo feminino, ainda em pequena escala, mas isto vai mudando com o tempo. Ana Carolina produz seu trabalho todo pessoalmente, para dar um exemplo”. Para finalizar, Few afirma que “tem que acabar com esse clichê de que música é sós pra homem, ambos os sexos têm a mesma capacidade pra tudo, inclusive pra música. A paixão, a vontade de tocar pode vir de qualquer um, seja homem ou mulher”. Como se fosse um complemento, Cissa explica que “essa discussão é muito valida. Penso que pra começar tem que olhar mesmo o nosso mundo, aqui. A cidade do Rio Grande é uma fonte de grandes músicos e devemos estender as oportunidades e incentivar o estudo da musica entre as mulheres também. Estudo é a palavra chave para o tão sonhado reconhecimento”.

Rio Grande é uma cidade que possui uma quantidade significativa de mulheres na música. Como exemplos podemos citar a também educadora musical Cláudia Braunstein, Luciana Lima (Dupla Face, Patuá), Aninha (tradicionalismo), Marina Pereira (Luiza Prefere a Morte), Carol (ex-Cacofonia), Polly (HalfPipe) Marina Reguffe (ex-Lollypop), Deka Santorum, Nyh (ex-Ether) e outras excelentes musicistas. Few é baixista da Crossword. A banda de post-grunge já vem se destacando no cenário musical da cidade e demonstrando grande potencial em composições próprias. O interessante é que Few está no meio de músicos promissores, ignorando a premissa de que uma jovem musicista não teria lugar no meio de bons músicos. Após trabalhar com regência por 4 anos nos corais da Universidade Federal do Rio Grande e 2 anos no coral do município de São José do Norte/RS, Cissa atua como cantora e professora de técnica vocal (voltada ao canto popular) pela escola Espaço Musical JD (http://espacomusicaljd.blogspot.com). Para saber um pouco mais sobre Cecília Laval é só visitar MySpace da cantora (http://www.myspace.com/cecilialaval/) ou o seu blog pessoal (http://cissalaval.blogspot.com/). Para saber um pouco mais sobre a baixista Fernanda Peres e sobre a Crossword, é só visitar o endereço www.deouvidos.com/crossword ou procurar pela banda no Orkut.


domingo, 21 de setembro de 2008

Primeira mão!

De Rio Grande em Bandas


Finalmente um dos "Democracia Chinesa" de Rio Grande saiu! No momento em que posto aqui estou escutando o "Ghost World" da Tangerines! O disco parece estar bem legal! Das duas músicas escutadas até o momento, o destaque vai pra "Choose Life", segunda faixa que escuto das dez existentes. Excelente arranjo e timbres bem bacanas, bem condizente com o que imagino que seja o "Dream Pop". Quero escutar com calma para depois poder falar bem detalhadamente do lançamento! Para todos que, assim como eu, queriam bastante escutar o produto final, aqui vai o link para baixar:

http://rapidshare.com/files/147321732/tangerines__01_ghost_world__2008__128kbps.rar

Bom proveito!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Novo Single Grafitti05

De Rio Grande em Bandas
Foto: Titi Piccoli

A banda Grafitti05 disponibilizou hoje no endereço http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/grafitti05/ uma nova versão para a música "Esconde Esconde". A nova versão da música possui melhor qualidade de gravação e um arranjo bem parecido, mas um pouco menos contido que o antigo. Com alguns detalhes a mais, a música ganha uma boa introdução de violão, uma simpática e bem elaborada linha de baixo e alguns adornos constantes na guitarra. Essa nova roupagem colabora para que o som da banda não soe apelativo, mas mais sincero. O mais interessante na nova versão da música é o fato de cada um conseguir explorar bem o seu espaço dentro da proposta da banda. Os espaços ficam bem preenchidos, mas sem que isso ofusque a condição de balada da canção. Aparentemente a banda Grafitti05 está dando bons passos e alcançando maturidade como conjunto. Além disso, parecem também estar definindo identidade, mas sem deixar de demonstrar visíveis influências como a da banda Detonautas. Que venham músicas novas.

Vinicius Pastorini - Vocal / Violão

Wolmer Junior - Guitarra / Backing

Bruno Möller - Baixo

Felipe De Carli - Bateria

De Rio Grande em Bandas
Foto: Titi Piccoli

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Universidade FM

Buenas, pessoal! Este post é apenas para notificar um pequeno acréscimo no blog. A partir de hoje, toda vez que o Rio Grande em Bandas for acessado, a rádio Universidade FM será ouvida. Entre os programas da rádio está o MUSIURG, uma parceria entre TV FURG e Universidade FM. O programa, que é exibido pela TV FURG semanalmente, vai ao ar na rádio todo primeiro e terceiro sábado de cada mês, às 18h. Equanto o programa televisionado é produzido por Law Tissot e Franco Magroski, na rádio o programa é de responsabilidade de Andréa Santorum e Bruno Acosta. O MUSIURG merece todo crédito possível por valorizar as manifestações artísticas da cidade e por enaltecer o potencial musical do município. Para alterar o volume, pausar ou parar a música, basta ir até o último aplicativo da barra esquerda do Rio Grande em Bandas. Espero que a idéia de encampar a ferramenta ao blog agrade os leitores, assim como espero que os leitores prestigiem os programas da grade da Universidade FM.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

De Rio Grande para Qualquer Lugar

De Rio Grande em Bandas
Foto divulgação da banda

Podia ser em qualquer lugar, mas foi aqui em Rio Grande que surgiu a banda João Solteiro. De tempos em tempos um grupo de pessoas com talento, qualidade, interesse e carisma surge na cidade para provar que o cenário que temos não perde em nada para o existente nos grandes centros. A João Solteiro une o rock de guitarras muito bem trabalhadas ao som uma cozinha coesa com pegada e técnica. O elemento pop fica por conta dos arranjos e sonoridade do violão e do vocal característico de Cleiton Oliveira. Além disso, a intenção das composições também marca a sonoridade mais acessível da banda. A João Solteiro embarca na nau da sonoridade do rock gaúcho, mas nunca sem perder a identidade. O fato da banda executar clássicos do rock do Rio Grande do Sul no repertório não os faz soar genéricos, mas os situa muito bem em um contexto em que sempre houve idenficação e ao mesmo tempo uniformidade sem monotonia. O single “Qualquer Lugar”, primeira música de trabalho da banda, já está disponível no MySpace da João Solteiro. Assim como grande parte do que vem sendo produzido pelo pessoal de Rio Grande nos últimos tempos, “Qualquer Lugar” apresenta muita qualidade na gravação, nos timbres e na concepção geral do trabalho. Destaque maior para os excelentes timbres de guitarra. A expectativa é de que em investidas futuras a banda continue demonstrando competência, capricho e honestidade na proposta. É possível acompanhar o trabalho da João Solteiro também pelo blog no endereço http://joaosolteiro.blogspot.com ou ainda na comunidade da banda no Orkut.

sábado, 6 de setembro de 2008

Cheiro a Mofo - Rio Grande Rock Novas Caras

De Rio Grande em Bandas

Da esquerda pra direita em cima: Leonardo, Dani Goldberg, Oscar Bubble, Régis Garcia, Gabriel Hernandez, Tony, Leopoldo, Léo Tadeu, Emílio GoldMic. No centro: Melik e Gratus. Em baixo: Vinny Castillo, Smailin Stocker, Bruno Mariano, Bielenki Jr., Eduardo Bozzetti, Charly, Marcinho, Eduardo Rivera (Caveira), Marco e Peru.

Foi entre o fim do século XX e início do século XXI. Uma época agitada no cenário musical de Rio Grande. O período transitório dos anos 1990 para os anos 2000 foi extremamente prolífero em termos de quantidade de material produzido pelas bandas na cidade. Para divulgar o material gravado, as bandas, não dependendo de uma boate ou evento específico com produção de algum agente, promoviam seus próprios shows. Foi o que aconteceu com o "Rio Grande Rock Novas Caras". O nome é uma homenagem ao LP "Rio Grande Rock", produzido nos anos 80 na cidade, uma sugestão de revitalização daquela quase epopéia para divulgar o trabalho em uma época de difícil acesso aos estúdios e possibilidades de gravação. O "Rio Grande Rock Novas Caras" aconteceu no Teatro Municipal e contou com a presença de quatro bandas: Réu Confesso (Marco, Dani, Peru e Caveira), Duplo Vértice (Tony, Leonardo, Leopoldo, Tadeu e participação de Melik), Azul Revés (Marcinho, Marcião, Bubble, Charly e Gratus) e Queda Livre (Régis, Bruno Mariano, Vinny, Smailin e Jr.). O final dos anos 2000 também produz uma quantidade considerável de eventos, mas não tanto quanto as possibilidade e facilidades do presente momento permitem. Se em 80 os guerreiros do rock foram capazes de produzir um excelente LP e entre o fim dos anos 90 e início do século XXI fomos capazes de fazer o dobro em virtude das melhores condições da época, o que espero - e o que todos realmente almejam e desejam, é que nesse momento mais que oportuno a nova geração do rock em Rio Grande apresente as mais novas caras.


Reunião da ASMURG - 06/12/2008

Data: Neste sábado dia 6
Hora: 18h
Local: Área Acadêmica do Hospital Universitário da FURG

É de fundamental importância que todos os envolvidos com a associação e interessados compareçam e no horário. A reunião, por depender da portaria do local, não pode estender-se pós 19h.

Para quem não sabe o que é ou tem interesse em saber um pouco mais sobre a Associação dos Músicos de Rio Grande: http://asmurg.blogspot.com/

Não deixem de apoiar a música em Rio Grande.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Musique - Sectors (2008)

De Rio Grande em Bandas

Após um grande período de abstinência pseudo-jornalística musical, o Rio Grande em Bandas volta ao trabalho com disposição para recuperar o tempo perdido e para mostrar tudo que tem acontecido na cena musical da cidade nesse quase um ano de falta de tempo para escrever. A vítima do primeiro post depois de tanto tempo é projeto Musique. A proposta, que já existe faz bastante tempo, flerta com música experimental, eletrônica, trip-hop e ambiente. O quarto trabalho da Musique, Sectors (2008 - Independente), conta com seis faixas bem elaboradas e concisas para a proposta do trabalho, nada que fique estendido além do necessário. A faixa "Southern", primeira do disco, é definitivamente uma excelente escolha para abertura do álbum. Logo no início é possível perceber que não há timidez alguma no trabalho já que "Southern", assim como a terceira faixa, "If", é uma das composições com aparentemente maior quantidade de camadas e densidade. A grande gama de detalhes em "If", como, por exemplo, elementos e timbres que invocam uma sonoridade indiana e uma letra bastante interessante, faz da número três uma das minhas favoritas. Faixas como "Ultra" e "Mayhem" parecem evocar uma essência primordial do som da Musique. Esse sentimento original e primitivo é necessário para o bom fluxo do trabalho e para determinar a sensação de continuidade que dá o tom da obra. Mesmo com a excelente "If", os destaques de Sektors são a própria faixa que batiza o álbum e a bem elaborada "Femme-Fatale". A primeira das duas citadas é uma música com uma ambiência extraordinária. Além da abertura com um clima bastante agradável, as sutilezas de piano ao longo da faixa contrastam de maneira positiva com o contexto aveludado da composição. A segunda das faixas em questão, "Femme-Fatale", é definitivamente a mais interessante de todas. Escutei "Femme-Fatale" pela primeira vez extra-oficialmente, antes do lançamento do disco. Contudo, sem tempo para degustar apropriadamente a canção, não fui capaz de perceber o clima hipnotizante que envolve a música. Os vocais também merecem destaque em "Femme-Fatale", assim como o interlúdio com piano seguido de uma volta sutil e singela ao tema original. O que talvez mais chame atenção no Musique, nunca ignorando o talento e a qualidade dos arranjos, seja a ousadia de criar algo do gênero em Rio Grande. Infelizmente, todo experimentalismo tem sido visto de forma bastante pragmática e com certo ceticismo pelo público e inclusive pelos envolvidos com a cena musical de Rio Grande. Além disso, é incontestável o capricho na produção do trabalho tanto no âmbito fonográfico quando no âmbito gráfico. O Sectors é a prova de que é possível produzir algo valoroso, detalhado, bonito e sonoramente agradável mesmo sem investir centenas de milhares de reais. Todas as faixas do álbum Sectors foram contempladas com clipes confeccionados especialmente para o projeto. Dentre os clipes, o que merece maior destaque é o de “If”, seja pela ótima composição, pela ótima seqüência de imagens, pelo contexto geral ou simbiose entre música e imagem. Para saber um pouco mais sobre Musique, acesse http://www.purevolume.com/musique ou entre em http://www.youtube.com/user/rkcameron para assistir todos os clipes. Espero que curtam tanto quanto eu. Até a próxima!